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Bíblia completa pT.: João 15.

Cabeçalho

João 15.

Capítulos
1   a  7
8  a  14
15  a  21     Atos



1. Eu Sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.
4. Estai em mim, e eu em vós como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5. Eu sou a videira, vós as varas, quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
9. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.
10. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
11. Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
12. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
14. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
15. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.
16. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.
17. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18. Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim.
19. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece.
20. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a Mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.
21. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome; porque não conhecem aquele que me enviou.
22. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.
23. Aquele que me aborrece, aborrece também a meu Pai.
24. Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me aborreceram a mim e a meu Pai.
25. Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Aborreceram-me sem causa.
26. Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei-de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.
27. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.

Capítulo 16.




1. Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis.
2. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus.
3. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
4. Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito; e eu não vos disse isto desde o princípio, porque estava convosco.
5. E agora vou para aquele que me enviou: e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
6. Antes, porque isto vos tenho dito, o vosso coração se encheu de tristeza.
7. Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.
9. Do pecado, porque não crêem em mim;
10. Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11. E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
12. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
13. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, vos anunciará o que há-de vir.
14. Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu, e vo-lo há-de anunciar.
15. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há-de receber do que é meu e vo-lo há-de anunciar.
16. Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai.
17. Então alguns dos seus discípulos disseram uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: porquanto vou para o Pai?
18. Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? não sabemos o que diz.
19. Conheceu pois Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
20. Na verdade, na verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria.
21. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já se não lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.
22. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.
23. E naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há-de dar.
24. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra.
25. Disse-vos isto por parábolas: chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
26. Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai;
27. Pois o mesmo Pai vos ama; visto como vós me amastes, e crestes que saí de Deus.
28. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.
29. Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma.
30. Agora conhecemos que sabes tudo, e não precisas de que alguém te interrogue. Por isso, cremos que saíste de Deus.
31. Respondeu-lhes Jesus: Credes, agora?
32. Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.
33. Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Capítulo 17.




1. Jesus falou assim, e, levantando os seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também te glorifique a ti;
2. Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste.
3. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
4. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.
5. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.
6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste: eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.
7. Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti;
8. Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti; e creram que me enviaste.
9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
10. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado.
11. E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.
12. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.
13. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.
14. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
16. Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
17. Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade.
18. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.
20. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão-de crer em mim;
21. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
22. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.
23. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.
24. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste: porque tu me hás amado antes da fundação do mundo.
25. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim.
26. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.

Capítulo 18.




1. Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedron, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos.
2. E Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se ajuntava ali com os seus discípulos.
3. Tendo pois Judas recebido a corte e oficiais dos principais sacerdotes e fariseus, veio para ali com lanternas, e archotes e armas.
4. Sabendo pois Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais?
5. Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles.
6. Quando pois lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.
7. Tornou-lhes pois a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno.
8. Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se pois me buscais a mim, deixai ir estes.
9. Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi.
10. Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco.
11. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálix que o Pai me deu?
12. Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram.
13. E conduziram-no primeiramente a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano.
14. Ora Caifás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo.
15. E Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. E este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus na sala do sumo sacerdote.
16. E Pedro estava da parte de fora, à porta. Saiu então o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, e falou à porteira, levando Pedro para dentro.
17. Então a porteira disse a Pedro: Não és tu também dos discípulos deste homem? Disse ele: Não sou.
18. Ora estavam ali os servos e os criados, que tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava Pedro, aquentando-se também.
19. E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
20. Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto.
21. Para que me perguntas a mim? pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.
22. E, tendo dito isto, um dos criados que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote?
23. Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, porque me feres?
24. E Anás mandou-o, manietado, ao sumo sacerdote Caifás,
25. E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou.
26. E um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no horto com ele?
27. E Pedro negou outra vez, e logo o galo cantou.
28. Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
29. Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?
30. Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
31. Disse-lhes pois Pilatos: Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: A nós não nos é lícito matar pessoa alguma.
32. Para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer,
33. Tornou pois a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o rei dos judeus?
34. Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-to outros de mim?
35. Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? a tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim: que fizeste?
36. Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo: se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
37. Disse-lhe pois Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
38. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum;
39. Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis pois que vos solte o Rei dos Judeus?
40. Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador.

Capítulo 19.




1. Pilatos pois tomou então a Jesus, e o açoitou.
2. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram uma veste de púrpura.
3. E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas.
4. Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
5. Saiu pois Jesus fora, levando a coroa de espinhos e o vestido de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.
6. Vendo-o pois os principais dos sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele.
7. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e, seguindo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
8. E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou.
9. E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
10. Disse-lhe pois Pilatos: Não me falas a mim? não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?
11. Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.
12. Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra o César.
13. Ouvindo pois Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litostrotos, e em hebraico Gabata.
14. E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.
15. Mas eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei-de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão o César.
16. Então entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram.
17. E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota.
18. Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
19. E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.
20. E muitos dos judeus leram este título; porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim.
21. Diziam pois os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, Rei dos Judeus; mas que ele disse: Sou Rei dos Judeus.
22. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
23. Tendo pois os soldados crucificado a Jesus, tomaram os seus vestidos, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.
24. Disseram pois uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz: Dividiram entre si os meus vestidos, e sobre a minha vestidura lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas.
25. E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria de Cleófas, e Maria Madalena.
26. Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
27. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
28. Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.
29. Estava pois ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca.
30. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
31. Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação pois era grande o dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.
32. Foram pois os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que com ele fora crucificado;
33. Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.
34. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
35. E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.
36. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
37. E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que trespassaram.
38. Depois disto, José de Arimateia o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus.
39. E foi também Nicodemos aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus, levando quase cem arráteis dum composto de mirra e aloés.
40. Tomaram pois o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.
41. E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no horto um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto.
42. Ali, pois, por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.

Capítulo 20.




1. E no primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro.
2. Correu pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram.
3. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro.
4. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
5. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.
6. Chegou pois Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis.
7. E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.
8. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.
9. Porque ainda não sabiam a Escritura: que era necessário que ressuscitasse dos mortos.
10. Tornaram pois os discípulos para casa.
11. E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela pois chorando, abaixou-se para o sepulcro.
12. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
13. E disseram-lhe eles: Mulher, porque choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
14. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.
15. Disse-lhe Jesus: Mulher, porque choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, diz-me onde o puseste, e eu o levarei.
16. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Rabboni que quer dizer, Mestre.
17. Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e diz-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto.
19. Chegada pois a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.
20. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
21. Disse-lhes pois Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados: e àqueles a quem os retiverdes, lhes são retidos:
24. Ora Tomé, um dos doze, chamado Dídimo não estava com eles quando veio Jesus.
25. Disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos e não meter o dedo no lugar dos cravos, e não meter a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
26. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.
27. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.
28. Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
29. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.
30. Jesus pois operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.
31. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

Capítulo 21.




1. Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim:
2. Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
3. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam.
4. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus.
5. Disse-lhes pois Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.
6. E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita do barco, e achareis. Lançaram-na pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes.
7. Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar.
8. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes.
9. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão.
10. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.
11. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes, e, sendo tantos, não se rompeu a rede.
12. Disse-lhes Jesus: Vinde, jantai. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.
13. Chegou pois Jesus, e tomou o pão, e deu-lho, e, semelhantemente o peixe.
14. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.
15. E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.
16. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
17. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
18. Na verdade, na verdade te digo, que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos; e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.
19. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.
20. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há-de trair ?
21. Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
22. Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
23. Divulgou-se pois entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
24. Este é o discípulo, que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
25. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.


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