Bíblia Completa./Com todos os livros.

Bíblia completa pT.: Atos 8.

Cabeçalho

Atos 8.

Capítulos
1   a  7
8  a  14
15  a  21
22  a  27     Seguinte



1. E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, excepto os apóstolos.
2. E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão, e fizeram sobre ele grande pranto.
3. E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
4. Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.
5. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.
6. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia;
7. Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8. E havia grande alegria naquela cidade.
9. E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem.
10. Ao qual todos atendiam, desde o mais pequeno até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus.
11. E atendiam-no a ele, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12. Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se baptizavam, tanto homens como mulheres.
13. E creu até o próprio Simão; e, sendo baptizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atónito.
14. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João.
15. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo.
16. Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram baptizados em nome do Senhor Jesus.
17. Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.
18. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19. Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
20. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
21. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é recto diante de Deus.
22. Arrepende-te pois dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;
23. Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade.
24. Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que disseste venha sobre mim.
25. Tendo eles pois testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém, e em muitas aldeias dos samaritanos anunciaram o evangelho.
26. E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta.
27. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mór de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração,
28. Regressava, e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
29. E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
30. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?
31. E ele disse: Como poderei eu entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.
32. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.
33. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.
34. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou dalgum outro?
35. Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus.
36. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé dalguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja baptizado?
37. E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.
38. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o baptizou.
39. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho.
40. E Filipe se achou em Azoto, e, indo passando, anunciava o Evangelho em todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.

Capítulo 9.




1. E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote,
2. E pediu-lhe cartas para Damasco para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3. E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues?
5. E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6. E ele, tremendo e atónito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
7. E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
8. E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
10. E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias. E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor.
11. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando;
12. E numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver.
13. E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
14. E aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.
16. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.
17. E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
18. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi baptizado.
19. E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco.
20. E logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus.
21. E todos os que o ouviam estavam atónitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui para os levar presos aos principais dos sacerdotes?
22. Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo.
23. E, tendo passado muitos dias, os judeus tomaram conselho entre si para o matar.
24. Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo: e como eles guardavam as portas, tanto de dia como de noite, para poderem tirar-lhe a vida,
25. Tomando-o de noite os discípulos, o desceram, dentro dum cesto, pelo muro.
26. E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
27. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus,
28. E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo.
29. E falava ousadamente no nome de Jesus. Falava e disputava também contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.
30. Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso.
31. Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.
32. E aconteceu que, passando Pedro por toda a parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
33. E achou ali certo homem, chamado Enéias, jazendo numa cama havia oito anos, o qual era paralítico.
34. E disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faz a tua cama. E logo se levantou.
35. E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
36. E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
37. E aconteceu naqueles dias que, enfermando ela, morreu; e, tendo-a lavado, a depositaram num quarto alto.
38. E, como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe mandaram dois varões, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles.
39. E, levantando-se Pedro, foi com eles; e quando chegou o levaram ao quarto alto, e todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando as túnicas e vestidos que Dorcas fizera quando estava com elas.
40. Mas Pedro, fazendo-as sair todas, pôs-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se.
41. E ele, dando-lhe a mão, a levantou, e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
42. E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor;
43. E ficou muitos dias em Jope, com um certo Simão curtidor.

Capítulo 10.




1. E havia em Cesaréia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana,
2. Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus.
3. Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.
4. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus;
5. Agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.
6. Este está com um certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer.
7. E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois de seus criados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.
8. E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
9. E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto de cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta.
10. E, tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos.
11. E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra,
12. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu.
13. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come.
14. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
15. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.
16. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se no céu.
17. E, estando Pedro duvidando entre si acerca do que seria aquela visão que tinha visto, eis que os varões que foram enviados por Cornélio pararam à porta, perguntando pela casa de Simão.
18. E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenome Pedro, morava ali.
19. E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três varões te buscam.
20. Levanta-te pois, e desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei.
21. E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa porque estais aqui?
22. E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a Deus, e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa, e ouvisse as tuas palavras.
23. Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. E no dia seguinte foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
24. E no dia imediato chegaram a Cesaréia. E Cornélio os estava esperando, tendo já convidado os seus parentes e amigos mais íntimos.
25. E aconteceu que entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés, o adorou.
26. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te que eu também sou homem.
27. E, falando com ele, entrou, e achou muitos que ali se haviam ajuntado,
28. E disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito, a um varão judeu ajuntar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.
29. Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer. Pergunto pois: porque razão mandastes chamar-me?
30. E disse Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa à hora nona.
31. E eis que diante de mim se apresentou um varão com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.
32. Envia pois a Jope, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome Pedro; este está em casa de Simão o curtidor, junto do mar, e ele, vindo te falará.
33. E logo mandei chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado.
34. E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas;
35. Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e obra o que é justo.
36. A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos);
37. Esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a Judeia, começando pela Galileia, depois do baptismo que João pregou;
38. Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo porque Deus era com ele.
39. E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judeia como em Jerusalém: ao qual mataram, pendurando-o num madeiro.
40. A este ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse,
41. Não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos.
42. E nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
43. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.
44. E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
46. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.
47. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam baptizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?
48. E mandou que fossem baptizados em nome do Senhor. Então rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.

Capítulo 11.




1. E ouviram os apóstolos, e os irmãos que estavam na Judeia, que também os gentios tinham recebido a palavra de Deus.
2. E, subindo Pedro a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão,
3. Dizendo: Entraste em casa de varões incircuncisos, e comeste com eles.
4. Mas Pedro começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
5. Estando eu orando na cidade de Jope, tive, num arrebatamento dos sentidos, uma visão: via um vaso, como um grande lençol que descia do céu e vinha até junto de mim.
6. E, pondo nele os olhos, considerei e vi animais da terra, quadrúpedes, e feras, e répteis, e aves do céu.
7. E ouvi uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro; mata e come.
8. Mas eu disse: De maneira nenhuma, Senhor; pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum ou imunda.
9. Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
10. E sucedeu isto por três vezes; e tudo tornou a recolher-se no céu.
11. E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que eu estava três varões que me foram enviados de Cesaréia.
12. E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entrámos em casa daquele varão;
13. E contou-nos como vira em pé um anjo em sua casa, e lhe dissera: Envia varões a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,
14. O qual te dirá palavras com que te salves, tu e toda a tua casa.
15. E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio.
16. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente baptizou com água; mas vós sereis baptizados com o Espírito Santo.
17. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
18. E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.
19. E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
20. E havia entre eles alguns varões chíprios e cirenenses, os quais; entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
21. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
22. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé à Antioquia.
23. O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor com propósito do coração.
24. Porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor,
25. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia,
26. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.
27. E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.
28. E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César.
29. E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia.
30. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

Capítulo 12.




1. E por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
2. E matou à espada Tiago, irmão de João.
3. E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos asmos.
4. E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5. Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
6. E quando Herodes estava para o fazer nessa mesma noite comparecer, estava Pedro dormindo entre dois soldados, ligado com duas cadeias, e os guardas diante da porta guardavam a prisão.
7. E eis que sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
8. E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele o fez assim. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me.
9. E, saindo, o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas cuidava que via alguma visão.
10. E, quando passaram a primeira e segunda guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua, e logo o anjo se apartou dele.
11. E Pedro, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus esperava.
12. E, considerando ele nisto, foi a casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam.
13. E, batendo Pedro à porta do pátio, uma menina chamada Rode saiu a escutar;
14. E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta.
15. E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo.
16. Mas Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-no, e se espantaram.
17. E, acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
18. E, sendo já dia, houve não pouco alvoroço entre os soldados sobre o que seria feito de Pedro.
19. E, quando Herodes o procurou e o não achou, feita inquirição aos guardas, mandou-os justiçar. E, partindo da Judeia para Cesaréia, ficou ali.
20. E ele estava irritado com os de Tiro e de Sidon; mas estes, vindo de comum acordo ter com ele, e obtendo a amizade de Blasto, que era o camarista do rei, pediam paz: porquanto o seu país se abastecia do país do rei.
21. E num dia designado, vestindo Herodes as vestes reais, estava assentado no tribunal, e lhes fez uma prática.
22. E o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem.
23. E no mesmo instante feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus, e, comido de bichos, expirou.
24. E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.
25. E Barnabé e Saulo havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, que tinha por sobrenome Marcos.

Capítulo 13.




1. E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Niger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
2. E, servindo ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
3. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
4. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
5. E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas cinagogas dos judeus; e tinham também a João como cooperador.
6. E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeu mágico, falso profeta, chamado Barjesus,
7. O qual estava com o proconsul Sérgio Paulo, varão prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus.
8. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador que assim se interpreta o seu nome, procurando apartar da fé o proconsul.
9. Todavia, Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele disse:
10. Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os rectos caminhos do Senhor?
11. Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão.
12. Então o proconsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor.
13. E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
14. E eles, saindo de Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de sábado, assentaram-se;
15. E, depois da lição da lei e dos profetas, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Varões irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai.
16. E, levantando-se Paulo, e pedindo silêncio com a mão, disse: Varões israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
17. O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra do Egipto; e com braço poderoso os tirou dela;
18. E suportou os seus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos.
19. E, destruindo a sete nações na terra de Canaã, deu-lhes por sorte a terra deles.
20. E, depois disto, por quase quatrocentos e cinquenta anos, lhes deu juízes, até ao profeta Samuel.
21. E depois pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta anos, a Saul filho de Cis, varão da tribo de Benjamim.
22. E, quando este foi retirado, lhes levantou como rei a Davi, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade.
23. Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Deus a Jesus para Salvador de Israel;
24. Tendo primeiramente João, antes da vinda dele pregado a todo o povo de Israel o baptismo do arrependimento.
25. Mas João, quando completava a carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o Cristo; mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.
26. Varões irmãos, filhos da geração de Abraão, e os que de entre vós temem a Deus, a vós vos é enviada a palavra desta salvação.
27. Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Jerusalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se lêem todos os sábados.
28. Embora não achassem alguma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
29. E, havendo eles cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura;
30. Mas Deus o ressuscitou dos mortos.
31. E ele por muitos dias foi visto pelos que subiram com ele da Galileia a Jerusalém, e são suas testemunhas para com o povo.
32. E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais Deus a cumpriu, a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus;
33. Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei.
34. E que o ressuscitaria dos mortos; para nunca mais tornar à corrupção, disse-o assim: As santas e fiéis bênçãos de Davi vos darei.
35. Pelo que também em outro Salmo diz: Não permitirás que o teu santo veja corrupção.
36. Porque, na verdade, tendo Davi no seu tempo servido conforme a vontade de Deus, dormiu, e foi posto junto de seus pais e viu a corrupção.
37. Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção viu.
38. Seja-vos pois notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
39. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado, todo aquele que crê.
40. Vede pois que não venha sobre vós o que está dito nos profetas:
41. Vede, ó desprezadores, e espantai-vos e desaparecei; porque opero uma obra em vossos dias. Obra tal que não crereis, se alguém vo-la contar.
42. E, saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas:
43. E, despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos religiosos seguiram Paulo, e Barnabé; os quais, falando-lhes, os exortavam a que permanecessem na graça de Deus.
44. E no sábado seguinte ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus.
45. Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.
46. Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios;
47. Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, para que sejas de salvação até aos confins da terra.
48. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna,
49. E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.
50. Mas os judeus incitaram algumas mulheres religiosas e honestas, e os principais da cidade, e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos.
51. Sacudindo, porém, contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icónio.
52. E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

Capítulo 14.




1. E aconteceu que em Icónio entraram juntos na sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo, que creu uma grande multidão, não só de judeus mas de gregos:
2. Mas os judeus incrédulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os ânimos dos gentios.
3. Detiveram-se pois muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem, sinais e prodígios.
4. E dividiu-se a multidão da cidade; e uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.
5. E, havendo um motim, tanto dos judeus como dos gentios, com os seus principais, para os insultarem e apedrejarem,
6. Sabendo-o eles, fugiram para Listra e Derbe, cidades de Licaónia, e para a província circunvizinha;
7. E ali pregavam o Evangelho.
8. E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
9. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
10. Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
11. E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaónica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós.
12. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava.
13. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta toiros e grinaldas, queria com a multidão, sacrificar-lhes.
14. Ouvindo, porém, isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram os seus vestidos, e saltaram para o meio da multidão, clamando,
15. E dizendo: Varões, porque fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles;
16. O qual nos tempos passados deixou andar todas as gentes em seus próprios caminhos.
17. E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.
18. E, dizendo isto, com dificuldade impediram que as multidões lhes sacrificassem.
19. Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icónio, que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.
20. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe.
21. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade, e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icónio e Antioquia,
22. Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.
23. E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
24. Passando depois por Pisídia, dirigiram-se a Panfília.
25. E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
26. E dali navegaram para Antioquia donde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que já haviam cumprido:
27. E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
28. E ficaram ali não pouco tempo com os discípulos.

Editar
LER
Antigo---35-x
Novo----35-x