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Bíblia completa pT.: Lucas 13.

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Lucas 13.

Capítulos
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1. E naquele mesmo tempo estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.
2. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
3. Não, vos digo antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
4. E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?
5. Não, vos digo antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
6. E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando;
7. E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; porque ocupa ainda a terra inutilmente?
8. E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque;
9. E, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar.
10. E ensinava no sábado, numa das sinagogas.
11. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
12. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher estás livre da tua enfermidade.
13. E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus.
14. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes pois vinde para serdes curados, e não no dia de sábado.
15. Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber?
16. E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
17. E, dizendo ele isto, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
18. E dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?
19. É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.
20. E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
21. É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou.
22. E percorria as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém.
23. E disse-lhe um: Senhor, são poucos os que se salvam? E ele lhe respondeu:
24. Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.
25. Quando o pai de família se levantar e cerrar a porta, e começardes a estar de fora, e a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo ele, vos disser: Não sei de onde vós sois;
26. Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas.
27. E ele vos responderá: Digo-vos que não sei donde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade.
28. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
29. E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus.
30. E eis que derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros.
31. Naquele mesmo dia chegaram uns fariseus, dizendo-lhe: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
32. E lhes respondeu: Ide, e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demónios, e efectuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado.
33. Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém.
34. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?
35. Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bem-dito aquele que vem em nome do Senhor.

Capítulo 14.




1. Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
2. E eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico.
3. E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei, e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no sábado?
4. Eles, porém, calaram-se. E, tomando-o, o curou e despediu.
5. E disse-lhes: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?
6. E nada lhe podiam replicar sobre isto.
7. E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes:
8. Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar, não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
9. E, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a esse, e então com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar.
10. Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa:
11. Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
12. E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.
13. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos,
14. E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.
15. E, ouvindo isto um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado o que comer pão no reino de Deus.
16. Porém ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos.
17. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado.
18. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado.
19. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado.
20. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir.
21. E voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos.
22. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar.
23. E disse o Senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.
24. Porque eu vos digo que nenhum daqueles varões que foram convidados provará a minha ceia.
25. Ora ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe:
26. Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.
28. Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?
29. Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele,
30. Dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.
31. Ou qual é o rei que, indo a guerra à pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
32. Doutra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz;
33. Assim, pois, qualquer de vós, que não renunciar a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.
34. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se adubará?
35. Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Capítulo 15.




1. E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
2. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles,
3. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo:
4. Que homem de entre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?
5. E, achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso;
6. E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
7. Digo-vos que assim haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
8. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?
9. E, achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida.
10. Assim vos digo, que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.
11. E disse: Um certo homem tinha dois filhos;
12. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
13. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.
14. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
15. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
16. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
17. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
18. Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
19. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
20. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
22. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
23. E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
24. Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
25. E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
26. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
28. Mas ele se indignou, e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele.
29. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
30. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
31. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
32. Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

Capítulo 16.




1. E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.
2. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo.
3. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu Senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.
4. Eu sei o que hei-de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
5. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
6. E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, assentando-te já, escreve cinquenta.
7. Disse depois a outro: E tu quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.
8. E louvou aquele Senhor o injusto mordomo prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.
9. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10. Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.
11. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
12. E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
13. Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há-de aborrecer um e amar o outro, ou se há-de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
14. E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele.
15. E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque, o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
16. A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.
17. E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
18. Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e, aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também.
19. Ora, havia um homem rico, que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.
20. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;
21. E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.
22. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos, para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado.
23. E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
24. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
25. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado;
26. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
27. E disse ele: Rogo-te pois, ó pai, que o mandes a casa de meu pai,
28. Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
29. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas: ouçam-nos.
30. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dos mortos fosse ter com eles arrepender-se-iam.
31. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.

Capítulo 17.




1. E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!
2. Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.
3. Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe.
4. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.
5. Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé.
6. E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
7. E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa?
8. E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?
9. Porventura dá graças ao tal servo porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não.
10. Assim também vós quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.
11. E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio da Samaria e da Galileia;
12. E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe,
13. E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.
14. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
15. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz;
16. E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.
17. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?
18. Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?
19. E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
20. E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior.
21. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.
22. E disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
23. E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; não vades, nem os sigais;
24. Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até á outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
25. Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração.
26. E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem.
27. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos.
28. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: comiam bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
29. Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.
30. Assim será no dia em que o Filho do homem se há-de manifestar.
31. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás.
32. Lembrai-vos da mulher de Ló.
33. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á.
34. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado.
35. Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada.
36. Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado.
37. E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias.

Capítulo 18.




1. E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
2. Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia nem respeitava o homem.
3. Havia também naquela cidade uma certa viúva, e ia ter com ele, dizendo: Faz-me justiça contra o meu adversário.
4. E por algum tempo não quis; mas depois disse consigo : Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
5. Todavia, como esta viúva me molesta, hei-de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
6. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
7. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
8. Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
9. E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
10. Dois homens subiram ao templo, a orar; um fariseu, e o outro publicano.
11. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
13. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, tem misericórdia de mim pecador!
14. Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
15. E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.
16. Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.
17. Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.
18. E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei-de fazer para herdar a vida eterna?
19. Jesus lhe disse: Porque me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.
20. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
21. E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.
22. E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.
23. Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico.
24. E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
25. Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
26. E os que ouviram isto disseram: Logo quem pode salvar-se?
27. Mas ele respondeu: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
28. E disse Pedro: Eis que nós deixámos tudo e te seguimos.
29. E ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus,
30. E não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna
31. E, tomando consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;
32. Pois há-de ser entregue às gentes, e escarnecido, injuriado e cuspido;
33. E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará.
34. E eles nada disto entendiam, e esta palavra lhes era encoberta, não percebendo o que se lhes dizia.
35. E aconteceu que, chegando ele perto de Jerico, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando.
36. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
37. E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava.
38. Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim.
39. E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim.
40. Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe,
41. Dizendo: Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja.
42. E Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou.
43. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.


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