Bíblia Completa Pt - Índice com todos os livros.

Índice -Bíblia Completa Pt

Génesis

Génesis 1.

Génesis 2.

Génesis 3

Bíblia Completa - Com todos os livros.

Bíblia completa pT.: Jó 1

Jó 1

Capítulos
1  a  7
8  a  14
15  a  21
22  a  28
29  a  35
36  a  42   Salmos



1. Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, recto e temente a Deus; e desviava-se do mal.
2. E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3. E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente ao seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do Oriente.
4. E iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5. Sucedia, pois, que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
6. E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
7. Então, o Senhor disse a Satanás: De onde vens? E Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela.
8. E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e recto, e temente a Deus, e desviando-se do mal.
9. Então, respondeu Satanás ao Senhor e disse: Porventura, teme Jó a Deus debalde?
10. Porventura, não o cercaste tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentado na terra.
11. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema de ti na tua face!
12. E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.
13. E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e bebiam vinho na casa de seu irmão primogénito,
14. Que veio um mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pasciam junto a eles;
15. E eis que deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e eu somente escapei, para te trazer a nova.
16. Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os consumiu; e só eu escapei, para te trazer a nova.
17. Estando ainda este falando, veio outro e disse: Ordenando os caldeus três bandos, deram sobre os camelos, e os tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e só eu escapei, para te trazer a nova.
18. Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogénito,
19. Eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu escapei, para te trazer a nova.
20. Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou,
21. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.
22. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

Capítulo 2.



1. E, vindo outro dia, em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles apresentar-se perante o Senhor.
2. Então, o Senhor disse a Satanás: De onde vens? E respondeu Satanás ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela.
3. E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e recto, temente a Deus, desviando-se do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa.
4. Então, Satanás respondeu ao Senhor e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida.
5. Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema de ti na tua face!
6. E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida.
7. Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.
8. E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza.
9. Então, sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus e morre.
10. Mas ele lhe disse: Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.
11. Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e concertaram juntamente virem condoer-se dele e consolá-lo.
12. E, levantando de longe os olhos e não o conhecendo, levantaram a voz e choraram; e rasgando cada um o seu manto, sobre a cabeça lançaram pó ao ar.
13. E se assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande.


Capítulo 3.



1. Depois disto, abriu Jó a boca e amaldiçoou o seu dia.
2. E Jó, falando, disse:
3. Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem!
4. Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça sobre ele a luz!
5. Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; negros vapores do dia o espantem!
6. A escuridão tome aquela noite, e não se goze entre os dias do ano, e não entre no número dos meses!
7. Ah! Que solitária seja aquela noite e suave música não entre nela!
8. Amaldiçoem-na aqueles que amaldiçoam o dia, que estão prontos para fazer correr o seu pranto.
9. Escureçam-se as estrelas do seu crepúsculo; que espere a luz, e não venha; e não veja as pestanas dos olhos da alva!
10. Porquanto não fechou as portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira.
11. Por que não morri eu desde a madre e, em saindo do ventre, não expirei?
12. Por que me receberam os joelhos? E por que os peitos, para que mamasse?
13. Porque já agora jazeria e repousaria; dormiria, e, então, haveria repouso para mim,
14. Com os reis e conselheiros da terra que para si edificavam casas nos lugares assolados,
15. Ou com os príncipes que tinham ouro, que enchiam as suas casas de prata;
16. Ou, como aborto oculto, não existiria; como as crianças que nunca viram a luz.
17. Ali, os maus cessam de perturbar; e, ali, repousam os cansados.
18. Ali, os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do exator.
19. Ali, está o pequeno e o grande, e o servo fica livre de seu senhor.
20. Por que se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo,
21. Que esperam a morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos;
22. Que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura?
23. Por que se dá luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus o encobriu?
24. Porque antes do meu pão vem o meu suspiro; e os meus gemidos se derramam como água.
25. Por que o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu?
26. Nunca estive descansado, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.

Capítulo 4.



1. Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:
2. Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderá conter as palavras?
3. Eis que ensinaste a muitos e esforçaste as mãos fracas.
4. As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos desfalecentes fortificaste.
5. Mas agora a ti te vem, e te enfadas; e, tocando-te a ti, te perturbas.
6. Porventura, não era o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança, a sinceridade dos teus caminhos?
7. Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos?
8. Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo.
9. Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro da sua ira se consomem.
10. O bramido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos se quebrantam.
11. Perece o leão velho, porque não há presa, e os filhos da leoa andam dispersos.
12. Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela.
13. Entre pensamentos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo,
14. Sobreveio-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram.
15. Então, um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne;
16. Parou ele, mas não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos; e, calando-me, ouvi uma voz que dizia:
17. Seria, porventura, o homem mais justo do que Deus? Seria, porventura, o varão mais puro do que o seu Criador?
18. Eis que nos seus servos não confia e nos seus anjos encontra loucura;
19. Quanto mais naqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são machucados como a traça!
20. Desde de manhã até à tarde são despedaçados; e eternamente perecem, sem que disso se faça caso.
21. Porventura, não passa com eles a sua excelência? Morrem, mas sem sabedoria.

Capítulo 5.



1. Chama agora; há alguém que te responda? E para qual dos santos te virarás?
2. Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.
3. Bem vi eu o louco lançar raízes; mas logo amaldiçoei a sua habitação.
4. Seus filhos estão longe da salvação; e são despedaçados às portas, e não há quem os livre.
5. A sua messe a devora o faminto, que até dentre os espinhos a tira; e o salteador traga a sua fazenda.
6. Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho.
7. Mas o homem nasce para o trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar.
8. Mas quanto a mim eu buscaria a Deus, e a ele dirigiria a minha fala.
9. Ele faz coisas tão grandiosas, que se não podem esquadrinhar; e tantas maravilhas que se não podem contar.
10. Ele dá a chuva sobre a terra e envia água sobre os campos,
11. Para pôr os abatidos num lugar alto; e para que os enlutados se exaltem na salvação.
12. Ele aniquila as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a efeito.
13. Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e o conselho dos perversos se precipita.
14. Eles, de dia, encontram as trevas; e, ao meio-dia, andam como de noite, às apalpadelas.
15. Mas ao necessitado livra da espada da sua boca, e da mão do forte.
16. Assim, há esperança para o pobre; e a iniquidade tapa a sua própria boca.
17. Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-poderoso.
18. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam.
19. Em seis angústias, te livrará; e, na sétima, o mal te não tocará.
20. Na fome, te livrará da morte; e, na guerra, da violência da espada.
21. Do açoite da língua estarás abrigado; e não temerás a assolação, quando vier.
22. Da assolação e da fome te rirás; e os animais da terra não temerás.
23. Porque até com as pedras do campo terás a tua aliança; e os animais do campo estarão contigo.
24. E saberás que a tua tenda está em paz; e visitarás a tua habitação, e nada te faltará.
25. Também saberás que se multiplicará a tua semente, e a tua posteridade, como a erva da terra.
26. Na velhice virás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo.
27. Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o e medita nisso para teu bem.

Capítulo 6.



1. Então, Jó respondeu e disse:
2. Oh! Se a minha mágoa rectamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança!
3. Porque, na verdade, mais pesada seria do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras têm sido inconsideradas.
4. Porque as flechas do Todo-poderoso estão em mim, e o seu ardente veneno, o bebe o meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim.
5. Porventura, zurrará o jumento montês junto à relva? Ou berrará o boi junto ao seu pasto?
6. Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo?
7. A minha alma recusa tocar em vossas palavras, pois são como a minha comida fastienta.
8. Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero!
9. E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e acabasse comigo!
10. Isto ainda seria a minha consolação e me refrigeraria no meu tormento, não me poupando ele; porque não repulsei as palavras do Santo.
11. Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que prolongue a minha vida?
12. É, porventura, a minha força a força da pedra? Ou é de cobre a minha carne?
13. Está em mim a minha ajuda? Não me desamparou todo auxílio eficaz?
14. Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-poderoso.
15. Meus irmãos aleivosamente me trataram; são como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam,
16. Que estão encobertos com a geada, e neles se esconde a neve.
17. No tempo em que se derretem com o calor, se desfazem; e, em se aquentando, desaparecem do seu lugar.
18. Desviam-se as caravanas dos seus caminhos; sobem ao vácuo e perecem.
19. Os caminhantes de Temá os vêem; os passageiros de Sabá olham para eles.
20. Foram envergonhados por terem confiado; e, chegando ali, se confundem.
21. Agora, sois semelhantes a eles; vistes o terror e temestes.
22. Disse-vos eu: dai-me ou oferecei-me da vossa fazenda presentes?
23. Ou: livrai-me das mãos do opressor? Ou: redimi-me das mãos dos tiranos?
24. Ensinai-me, e eu me calarei; e dai-me a entender em que errei.
25. Oh! Quão fortes são as palavras da boa razão! Mas que é o que censura a vossa arguição?
26. Porventura, buscareis palavras para me repreenderdes, visto que as razões do desesperado são como vento?
27. Mas, antes, lançais sortes sobre o órfão e especulais com o vosso amigo.
28. Agora, pois, se sois servidos, olhai para mim; e vede se minto em vossa presença.
29. Voltai, pois, não haja iniquidade; voltai, sim, que a minha causa é justa.
30. Há, porventura, iniquidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar dar a entender as minhas misérias?

Capítulo 7.



1. Porventura, não tem o homem guerra sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?
2. Como o cervo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,
3. Assim me deram por herança meses de vaidade, e noites de trabalho me prepararam.
4. Deitando-me a dormir, então, digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me voltar na cama até à alva.
5. A minha carne se tem vestido de bichos e de torrões de pó; a minha pele está gretada e se fez abominável.
6. Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão e perecem sem esperança.
7. Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem.
8. Os olhos dos que agora me vêem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, mas não serei mais.
9. Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.
10. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.
11. Por isso, não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma.
12. Sou eu, porventura, o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda?
13. Dizendo eu: Consolar-me-á a minha cama, meu leito aliviará a minha ânsia!
14. Então, me espantas com sonhos e com visões me assombras;
15. Pelo que a minha alma escolheria, antes, a estrangulação; e, antes, a morte do que estes meus ossos.
16. A minha vida abomino, pois não viverei para sempre; retira-te de mim, pois vaidade são os meus dias.
17. Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele o teu coração,
18. E cada manhã o visites, e cada momento o proves?
19. Até quando me não deixarás, nem me largarás, até que engula a minha saliva?
20. Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado?
21. E por que me não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? Pois agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá.

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