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Bíblia completa pT.: Jó 22

Cabeçalho

Jó 22

Capítulos
1  a  7
8  a  14
15  a  21
22  a  28
29  a  35
36  a  42   Salmos




1. Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse:
2. Porventura, o homem será de algum proveito a Deus? Antes, a si mesmo o prudente será proveitoso.
3. Ou tem o Todo-poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro algum em que tu faças perfeitos os teus caminhos?
4. Ou te repreende pelo temor que tem de ti, ou entra contigo em juízo?
5. Porventura, não é grande a tua malícia; e sem termo, as tuas iniquidades?
6. Porque penhoraste a teus irmãos sem causa alguma e aos nus despojaste das vestes.
7. Não deste água a beber ao cansado e ao faminto retiveste o pão.
8. Mas para o violento era a terra, e o homem tido em respeito habitava nela.
9. As viúvas despediste vazias, e os braços dos órfãos foram quebrantados.
10. Por isso, é que estás cercado de laços, e te perturbou um pavor repentino,
11. Ou trevas, em que nada vês; e a abundância de águas te cobre.
12. Porventura, Deus não está na altura dos céus? Olha para a altura das estrelas; quão elevadas estão!
13. E dizes: Que sabe Deus disto? Porventura, julgará por entre a escuridão?
14. As nuvens são o escondedouro dele, para que não veja; e ele passeia pelo circuito dos céus.
15. Porventura, consideraste a vereda do século passado, que pisaram os homens iníquos?
16. Eles foram arrebatados antes do seu tempo; sobre o seu fundamento um dilúvio se derramou.
17. Diziam a Deus: Retira-te de nós. E: Que foi que o Todo-poderoso nos fez?
18. Ora, ele enchera de bens as suas casas; pelo que, longe de mim o conselho dos ímpios!
19. Os justos o viram e se alegraram, e o inocente escarneceu deles,
20. Dizendo: Na verdade, os ímpios foram destruídos, e o fogo consumiu o resto deles.
21. Une-te, pois, a Deus, e tem paz, e, assim, te sobrevirá o bem.
22. Aceita, peço-te, a lei da sua boca e põe as suas palavras no teu coração.
23. Se te converteres ao Todo-poderoso, serás edificado; afasta a iniquidade da tua tenda.
24. Então, amontoarás ouro como pó e o ouro de Ofir, como pedras dos ribeiros.
25. E até o Todo-poderoso te será por ouro e por prata amontoada.
26. Porque, então, te deleitarás no Todo-poderoso e levantarás o teu rosto para Deus.
27. Tu orarás a ele, e ele te ouvirá; e pagarás os teus votos.
28. Determinando tu algum negócio, ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos.
29. Quando te abaterem, então, tu dirás: Haja exaltação! E Deus salvará ao humilde
30. E livrará até ao que não é inocente; sim, ele será libertado pela pureza de tuas mãos.

Capítulo 23.



1. Respondeu, porém, Jó e disse:
2. Ainda hoje a minha queixa está em amargura; a violência da minha praga mais se agrava do que o meu gemido.
3. Ah! Se eu soubesse que o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal.
4. Com boa ordem exporia ante ele a minha causa e a minha boca encheria de argumentos.
5. Saberia as palavras com que ele me responderia e entenderia o que me dissesse.
6. Porventura, segundo a grandeza de seu poder contenderia comigo? Não; antes, cuidaria de mim.
7. Ali, o recto pleitearia com ele, e eu me livraria para sempre do meu juiz.
8. Eis que, se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo.
9. Se opera à mão esquerda, não o vejo; encobre-se à mão direita, e não o diviso.
10. Mas ele sabe o meu caminho; prove-me, e sairei como o ouro.
11. Nas suas pisadas os meus pés se afirmaram; guardei o seu caminho e não me desviei dele.
12. Do preceito de seus lábios nunca me apartei e as palavras da sua boca prezei mais do que o meu alimento.
13. Mas, se ele está contra alguém, quem, então, o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará.
14. Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito e muitas coisas como estas ainda tem consigo.
15. Por isso, me perturbo perante ele; e quando isto considero, temo-me dele.
16. Porque Deus macerou o meu coração, e o Todo-poderoso me perturbou.
17. Porquanto não fui desarraigado antes das trevas, nem encobriu a escuridão o meu rosto.

Capítulo 24.



1. Visto que do Todo-poderoso se não encobriram os tempos, por que não vêem os seus dias os que o conhecem?
2. Há os que até os limites removem; roubam os rebanhos e os apascentam.
3. Levam o jumento do órfão; tomam em penhor o boi da viúva.
4. Desviam do caminho os necessitados; e os miseráveis da terra juntos se escondem.
5. Eis que, como jumentos monteses no deserto, saem à sua obra, madrugando para a presa; o campo raso dá mantimento a eles e aos seus filhos.
6. No campo, segam o seu pasto e vindimam a vinha do ímpio.
7. Ao nu fazem passar a noite sem roupa, não tendo ele coberta contra o frio.
8. Pelas correntes das montanhas são molhados e, não tendo refúgio, abraçam-se com as rochas.
9. Ao orfãozinho arrancam do peito e aceitam o penhor do pobre.
10. Fazem com que os nus vão sem veste e aos famintos tiram as espigas.
11. Dentro dos seus muros fazem o azeite; pisam os lagares e ainda têm sede.
12. Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos clama; e, contudo, Deus lho não imputa como loucura.
13. Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos e não permanecem nas suas veredas.
14. De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado e de noite é como o ladrão.
15. Assim como os olhos do adúltero aguardam o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum, e oculta o rosto,
16. Nas trevas minam as casas que de dia assinalaram; não conhecem a luz.
17. Porque a manhã, para todos eles, é como sombra de morte; porque, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte.
18. São ligeiros sobre a face das águas; maldita é a sua porção sobre a terra; não voltam pelo caminho das vinhas.
19. A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim desfará a sepultura aos que pecaram.
20. A madre se esquecerá deles, os vermes os comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança deles, e a iniquidade se quebrará como a árvore.
21. Afligem a estéril que não dá à luz e à viúva não fazem bem;
22. Até aos poderosos arrastam com a sua força; se eles se levantam, não há vida segura.
23. Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso; seus olhos, porém, estão nos caminhos deles.
24. Por um pouco se alçam e logo desaparecem; são abatidos, encerrados como todos os outros e cortados como as pontas das espigas.
25. Se agora não é assim, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?

Capítulo 25.



1. Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2. Com ele estão domínio e temor; ele faz paz nas suas alturas.
3. Porventura, têm número os seus exércitos? E para quem não se levanta a sua luz?
4. Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce da mulher?
5. Olha, até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos.
6. E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho!

Capítulo 26.




1. Jó, porém, respondeu e disse:
2. Como ajudaste aquele que não tinha força e sustentaste o braço que não tinha vigor!
3. Como aconselhaste aquele que não tinha sabedoria e plenamente lhe fizeste saber a causa, assim como era!
4. Para quem proferiste palavras? E de quem é o espírito que saiu de ti?
5. Os mortos tremem debaixo das águas com os seus moradores.
6. O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição.
7. O norte estende sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.
8. Prende as águas em densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.
9. Encobre a face do seu trono e sobre ela estende a sua nuvem.
10. Marcou um limite à superfície das águas em redor, até aos confins da luz e das trevas.
11. As colunas do céu tremem e se espantam da sua ameaça.
12. Com a sua força fende o mar e com o seu entendimento abate a sua soberba.
13. Pelo seu Espírito ornou os céus; a sua mão formou a serpente enroscadiça.
14. Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder?

Capítulo 27.



1. E prosseguindo Jó em sua parábola, disse:
2. Vive Deus, que desviou a minha causa, e o Todo-poderoso, que amargurou a minha alma.
3. Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz,
4. Não falarão os meus lábios iniquidade, nem a minha língua pronunciará engano.
5. Longe de mim que eu vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha sinceridade.
6. À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me remorderá o meu coração em toda a minha vida.
7. Seja como o ímpio o meu inimigo; e o que se levantar contra mim, como o perverso.
8. Porque qual será a esperança do hipócrita, havendo sido avaro, quando Deus lhe arrancar a sua alma?
9. Porventura, Deus ouvirá o seu clamor, sobrevindo-lhe a tribulação?
10. Ou deleitar-se-á no Todo-poderoso ou invocará a Deus em todo o tempo?
11. Ensinar-vos-ei o que é concernente à mão de Deus, e não vos encobrirei o que está com o Todo-poderoso.
12. Eis que todos vós já vistes isso; por que, pois, vos desvaneceis na vossa vaidade?
13. Eis qual será, da parte de Deus, a porção do homem ímpio e a herança que os tiranos receberão do Todo-poderoso:
14. Se os seus filhos se multiplicarem, será para a espada, e os seus renovos se não fartarão de pão.
15. Os que ficarem dele, na morte serão enterrados, e as suas viúvas não chorarão.
16. Se amontoar prata como pó, e aparelhar vestes como lodo,
17. Ele as aparelhará, mas o justo as vestirá, e o inocente repartirá a prata.
18. Ele edifica a sua casa como a traça, e como o guarda que faz a cabana.
19. Rico se deita e não será recolhido; seus olhos abre e ele não será.
20. Pavores se apoderam dele como águas; de noite, o arrebatará a tempestade.
21. O vento oriental o levará, e ir-se-á; varrê-lo-á com ímpeto do seu lugar.
22. E Deus lançará isto sobre ele e não o poupará; irá fugindo da sua mão.
23. Cada um baterá contra ele as palmas das mãos e do seu lugar o assobiará.

Capítulo 28.



1. Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e, para o ouro, lugar em que o derretem.
2. O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o metal.
3. O homem pôs fim às trevas e até à extremidade ele esquadrinha, procurando as pedras na escuridão e na sombra da morte.
4. Transborda o ribeiro até ao que junto dele habita, de maneira que se não pode passar a pé; então, intervém o homem, e as águas se vão.
5. A terra, de onde procede o pão, embaixo é revolvida como por fogo.
6. As suas pedras são o lugar da safira e têm pós de ouro.
7. Essa vereda, a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha.
8. Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.
9. Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.
10. Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho descobre todas as coisas preciosas.
11. Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira para a luz o que estava escondido.
12. Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?
13. O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.
14. O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.
15. Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.
16. Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ónix, nem pela safira.
17. Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por jóia de ouro fino.
18. Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.
19. Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.
20. De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
21. Porque está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu.
22. A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
23. Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.
24. Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
25. Quando deu peso ao vento e tomou a medida das águas;
26. Quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões,
27. Então, a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou.
28. Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.


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