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Bíblia completa pT.: Jó 8

Cabeçalho

Jó 8

Capítulos
1  a  7
8  a  14
15  a  21
22  a  28
29  a  35
36  a  42   Salmos



1. Então, respondeu Bildade, o suíta, e disse:
2. Até quando falarás tais coisas, e as razões da tua boca serão qual vento impetuoso?
3. Porventura, perverteria Deus o direito, e perverteria o Todo-poderoso a justiça?
4. Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua transgressão.
5. Mas, se tu de madrugada buscares a Deus e ao Todo-poderoso pedires misericórdia,
6. Se fores puro e recto, certamente, logo despertará por ti e restaurará a morada da tua justiça.
7. O teu princípio, na verdade, terá sido pequeno, mas o teu último estado crescerá em extremo.
8. Porque, eu te peço, pergunta agora às gerações passadas e prepara-te para a inquirição de seus pais.
9. Porque nós somos de ontem e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra.
10. Porventura, não te ensinarão eles, e não te falarão, e do seu coração não tirarão razões?
11. Porventura, sobe o junco sem lodo? Ou cresce a espadana sem água?
12. Estando ainda na sua verdura, e ainda não cortada, todavia, antes de qualquer outra erva, se seca.
13. Assim são as veredas de todos quantos se esquecem de Deus; e a esperança do hipócrita perecerá.
14. A sua esperança fica frustrada, e a sua confiança será como a teia de aranha;
15. Encostar-se-á à sua casa, e ela não se terá firme; ampará-la-á, e ela não ficará em pé;
16. Está sumarento antes que venha o sol, e os seus renovos saem sobre o seu jardim;
17. As suas raízes se entrelaçam junto à fonte; para o pedregal atenta;
18. Desaparecendo ele do seu lugar, negá-lo-á este, dizendo: Nunca te vi;
19. Eis que este é alegria do seu caminho, e outros brotarão do pó.
20. Eis que Deus não rejeitará ao recto; nem toma pela mão aos malfeitores;
21. Até que de riso te encha a boca, e os teus lábios, de louvor.
22. Teus aborrecedores se vestirão de confusão, e a tenda dos ímpios não existirá mais.

Capítulo 9.




1. Então, Jó respondeu e disse:
2. Na verdade sei que assim é; porque como se justificaria o homem para com Deus?
3. Se quiser contender com ele, nem a uma de mil coisas lhe poderá responder.
4. Ele é sábio de coração, poderoso em forças; quem se endureceu contra ele e teve paz?
5. Ele é o que transporta as montanhas, sem que o sintam, e o que, no seu furor, as transtorna;
6. O que remove a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem;
7. O que fala ao sol, e ele não sai, e sela as estrelas;
8. O que sozinho estende os céus e anda sobre os altos do mar;
9. O que faz a Ursa, e o Órion, e o Sete-estrelo, e as recâmaras do sul.
10. O que faz coisas grandes, que se não podem esquadrinhar, e maravilhas tais que se não podem contar.
11. Eis que passa por diante de mim, e não o vejo; e torna a passar perante mim, e não o sinto.
12. Eis que arrebata a presa; quem lha fará restituir? Quem lhe dirá: Que fazes?
13. Deus não revogará a sua ira; debaixo dele se encurvam os auxiliadores soberbos.
14. Quanto menos lhe poderei eu responder ou escolher diante dele as minhas palavras!
15. A ele, ainda que eu fosse justo, lhe não responderia; antes, ao meu juiz pediria misericórdia.
16. Ainda que chamasse, e ele me respondesse, nem por isso creria que desse ouvidos à minha voz.
17. Porque me quebranta com uma tempestade, e multiplica as minhas chagas sem causa.
18. Nem me permite respirar; antes, me farta de amarguras.
19. Quanto às forças, eis que ele é o forte; e, quanto ao juízo, quem me citará com ele?
20. Se eu me justificar, a minha boca me condenará; se recto me disser, então, me declarará perverso.
21. Ainda que perfeito, não estimo a minha alma; desprezo a minha vida.
22. A coisa é esta; por isso, eu digo que ele consome ao recto e ao ímpio.
23. Matando o açoite de repente, então, se ri da prova dos inocentes.
24. A terra é entregue às mãos do ímpio; Deus cobre o rosto dos juízes; se não é ele, quem é, logo?
25. E os meus dias são mais velozes do que um corredor; fugiram e nunca viram o bem.
26. Passam como navios veleiros, como águia que se lança à comida.
27. Se eu disser: Eu me esquecerei da minha queixa, mudarei o meu rosto e tomarei alento;
28. Receio todas as minhas dores, porque bem sei que me não terás por inocente.
29. E, sendo eu ímpio, por que trabalharei em vão?
30. Ainda que me lave com água de neve, e purifique as minhas mãos com sabão,
31. Mesmo assim me submergirás no fosso, e as minhas próprias vestes me abominarão.
32. Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo.
33. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos.
34. Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror.
35. Então, falarei e não o temerei; porque, assim, não estou em mim.

Capítulo 10.




1. A minha alma tem tédio de minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.
2. Direi a Deus: não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo.
3. Parece-te bem que me oprimas, que rejeites o trabalho das tuas mãos e resplandeças sobre o conselho dos ímpios?
4. Tens tu, porventura, olhos de carne? Vês tu como vê o homem?
5. São os teus dias como os dias do homem? Ou são os teus anos como os anos de um homem,
6. Para te informares da minha iniquidade e averiguares o meu pecado?
7. Bem sabes tu que eu não sou ímpio; todavia, ninguém há que me livre da tua mão.
8. As tuas mãos me fizeram e me entreteceram; e, todavia, me consomes.
9. Peço-te que te lembres de que, como barro, me formaste, e de que ao pó me farás tornar.
10. Porventura, não me vazaste como leite e como queijo me não coalhaste?
11. De pele e carne me vestiste e de ossos e nervos me entreteceste.
12. Vida e beneficência me concedeste; e o teu cuidado guardou o meu espírito.
13. Mas estas coisas as ocultaste no teu coração; bem sei eu que isto esteve contigo.
14. Se eu pecar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás.
15. Se for ímpio, ai de mim! E se for justo, não levantarei a cabeça; cheio estou de ignomínia e olho para a minha miséria.
16. Porque se me exalto, tu me caças como a um leão feroz, e de novo fazes maravilhas contra mim.
17. Tu renovas contra mim as tuas testemunhas e multiplicas contra mim a tua ira; reveses e combate estão comigo.
18. Por que, pois, me tiraste da madre? Ah! Se, então, dera o espírito, e olhos nenhuns me vissem!
19. Então, fora como se nunca houvera sido; e desde o ventre seria levado à sepultura!
20. Porventura, não são poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me para que por um pouco eu tome alento;
21. Antes que me vá, para nunca mais voltar, à terra da escuridão e da sombra da morte;
22. Terra escuríssima, como a mesma escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão.

Capítulo 11.




1. Então, respondeu Zofar, o naamatita, e disse:
2. Porventura, não se dará resposta à multidão de palavras? E o homem falador será justificado?
3. Às tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe?
4. Pois tu disseste: A minha doutrina é pura; limpo sou aos teus olhos.
5. Mas, na verdade, prouvera Deus que ele falasse e abrisse os seus lábios contra ti,
6. E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade.
7. Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-poderoso?
8. Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? Mais profunda é ela do que o inferno; que poderás tu saber?
9. Mais comprida é a sua medida do que a terra; e mais larga do que o mar.
10. Se ele destruir, e encerrar, ou juntar, quem o impedirá?
11. Porque ele conhece os homens vãos e vê o vício; e não o terá em consideração?
12. Mas o homem vão é falto de entendimento; sim, o homem nasce como a cria do jumento montês.
13. Se tu preparaste o teu coração, estende as tuas mãos para ele;
14. Se há iniquidade na tua mão, lança-a para longe de ti e não deixes habitar a injustiça nas tuas tendas,
15. Porque, então, o teu rosto levantarás sem mácula; e estarás firme e não temerás.
16. Porque te esquecerás dos trabalhos e te lembrarás deles como das águas que já passaram.
17. E a tua vida mais clara se levantará do que o meio-dia; ainda que haja trevas, será como a manhã.
18. E terás confiança, porque haverá esperança; olharás em volta e repousarás seguro.
19. E deitar-te-ás, e ninguém te espantará; muitos acariciarão o teu rosto.
20. Mas os olhos dos ímpios desfalecerão, e perecerá o seu refúgio; e a sua esperança será o expirar da alma.

Capítulo 12.




1. Então, Jó respondeu e disse:
2. Na verdade, que só vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria.
3. Também eu tenho um coração como vós e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como estas?
4. Eu sou irrisão para os meus amigos; eu, que invoco a Deus, e ele me responde; o justo e o recto servem de irrisão.
5. Tocha desprezível é, na opinião do que está descansado, aquele que está pronto a tropeçar com os pés.
6. As tendas dos assoladores têm descanso, e os que provocam a Deus estão seguros; nas suas mãos Deus lhes põe tudo.
7. Mas, pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber;
8. Ou fala com a terra, e ela to ensinará; até os peixes do mar to contarão.
9. Quem não entende por todas estas coisas que a mão do Senhor fez isto,
10. Que está na sua mão a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda carne humana?
11. Porventura, o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?
12. Com os idosos está a sabedoria, e na abundância de dias, o entendimento.
13. Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem.
14. Eis que ele derriba, e não se reedificará; e a quem ele encerra não se abrirá.
15. Eis que ele retém as águas, e se secam; e as larga, e transtornam a terra.
16. Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que faz errar.
17. Aos conselheiros leva despojados e aos juízes faz desvairar.
18. Solta a atadura dos reis e ata o cinto aos seus lombos.
19. Aos príncipes leva despojados; aos poderosos transtorna.
20. Aos confiados tira a fala e toma o entendimento aos velhos.
21. Derrama desprezo sobre os príncipes e afrouxa o cinto dos fortes.
22. As profundezas das trevas manifesta e a sombra da morte traz à luz.
23. Multiplica os povos e os faz perecer; dispersa as nações e de novo as reconduz.
24. Tira o coração aos chefes dos povos da terra e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.
25. Nas trevas andam às apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.

Capítulo 13.




1. Eis que tudo isto viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam.
2. Como vós o sabeis, o sei eu também; não vos sou inferior.
3. Mas eu falarei ao Todo-poderoso; e quero defender-me perante Deus.
4. Vós, porém, sois inventores de mentiras e vós todos, médicos que não valem nada.
5. Tomara que vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria!
6. Ouvi agora a minha defesa e escutai os argumentos dos meus lábios.
7. Porventura, por Deus falareis perversidade e por ele enunciareis mentiras?
8. Fareis aceitação da sua pessoa? Contendereis por Deus?
9. Ser-vos-ia bom, se ele vos esquadrinhasse? Ou zombareis dele, como se zomba de qualquer homem?
10. Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes distinção de pessoas.
11. Porventura, não vos espantará a sua alteza? E não cairá sobre vós o seu temor?
12. As vossas memórias são como a cinza; as vossas alturas, como alturas de lodo.
13. Calai-vos perante mim, e falarei eu; e venha sobre mim o que vier.
14. Por que razão tomaria eu a minha carne com os dentes e poria a minha vida na minha mão?
15. Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele.
16. Também isto será a minha salvação, porque o ímpio não virá perante ele.
17. Ouvi com atenção as minhas razões; e com os vossos ouvidos, a minha demonstração.
18. Eis que já tenho ordenado a minha causa e sei que serei achado justo.
19. Quem é o que contenderá comigo? Se eu agora me calasse, renderia o espírito.
20. Duas coisas somente faze comigo; então, me não esconderei do teu rosto:
21. Desvia a tua mão para longe de mim e não me espante o teu terror.
22. Chama, pois, e eu responderei; ou, eu falarei e tu, responde-me.
23. Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado.
24. Por que escondes o teu rosto e me tens por teu inimigo?
25. Porventura, quebrantarás a folha arrebatada pelo vento? E perseguirás o restolho seco?
26. Por que escreves contra mim coisas amargas e me fazes herdar as culpas da minha mocidade?
27. Também pões os meus pés em cepos, e observas todos os meus caminhos, e marcas os sinais dos meus pés,
28. Apesar de eu ser como uma coisa podre que se consome e como a veste, a qual rói a traça.

Capítulo 14.




1. O homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheio de inquietação.
2. Sai como a flor e se seca; foge também como a sombra e não permanece.
3. E sobre este tal abres os teus olhos, e a mim me fazes entrar em juízo contigo.
4. Quem do imundo tirará o puro? Ninguém!
5. Visto que os seus dias estão determinados, contigo está o número dos seus meses; e tu lhe puseste limites, e não passará além deles.
6. Desvia-te dele, para que tenha repouso, até que, como o jornaleiro, tenha contentamento no seu dia.
7. Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos.
8. Se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó,
9. Ao cheiro das águas, brotará e dará ramos como a planta.
10. Mas, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então, onde está?
11. Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota e fica seco,
12. Assim o homem se deita e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará, nem se erguerá de seu sono.
13. Tomara que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se desviasse, e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!
14. Morrendo o homem, porventura, tornará a viver? Todos os dias de meu combate esperaria, até que viesse a minha mudança.
15. Chamar-me-ias, e eu te responderia; afeiçoa-te à obra de tuas mãos.
16. Mas agora contas os meus passos; não estás tu vigilante sobre o meu pecado?
17. A minha transgressão está selada num saco, e amontoas as minhas iniquidades.
18. E, na verdade, caindo a montanha, desfaz-se; e a rocha se remove do seu lugar.
19. As águas gastam as pedras; as cheias afogam o pó da terra; e tu fazes perecer a esperança do homem.
20. Tu para sempre prevaleces contra ele, e ele passa; tu, mudando o seu rosto, o despedes.
21. Os seus filhos estão em honra, sem que ele o saiba; ou ficam minguados, sem que ele o perceba;
22. Mas a sua carne, nele, tem dores; e a sua alma, nele, lamenta.


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